"Sou gêmeo de mim e tudo/ O que sou é/ Distância./ ..."
(Daniel Faria)

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22 de fev. de 2009

aquele taxista ali nunca vê


aquele taxista ali nunca vê
quando as pombas abraçam o vento.
mira o telefone de chamadas,
como se quisesse fazê-lo tocar
com os olhos. o vendedor de pastéis
desvia a atenção, do troco
para a revoada. mas logo volta-se
para o troco, um-dois-e-sessenta-e-cinco
obrigado.

a menina
- aquela que acabou de tirar os chinelos -
ela, sim: as pombas a abraçam entre muito milho


8 comentários:

Lu Paes disse...

LIndo poema, Bruno.
Acho que é o meu favorito até agora!
É tão..simples, bonito...Nenhum elogio que eu pudesse pensar seria bom o bastante.
Amei.

Bruno de Abreu disse...

E esse foi seu melhor elogio... Valeu, hein!

Lílian Alcântara disse...

Concordo que seja seu melhor poema até então. E se permite continuar minha analogia Bruno x Alice, este texto não deixa de ter aquele ar de prosa em verso dos poemas da Alice, mas não parece ter feito como observação dos poemas dela, já vejo um estilo seu paralelo ao dela. Mesmo que eu corra o risco de estar falando de um poema escrito em desconsideração ao meu comentário anterior, ainda assim ele me revela um ar novo, com fortes bases as suas influências, e parece estar chegando exatamente onde eu tentei propor que chegasse.
Deve sim, inspirar e tirar modelos no que lê. Só não deve querer fazer igual, este sim é um erro.

Enfim, não sei o quanto vale uma palavra minha, nem conselho fui convidada a dar. Se fosse bom, meu mundo capitalista tava era vendendo, mas sou socialista e só vendo conselho se for pro governo.

Meu comentário tá virando testamento. Bom Carnaval e vê se se inspira nas cores verde e rosa da imortal mangueira de Cartola, recuso Azul e Braco da beija-flor. Azul com branco só se for cruzeiro, enfim ... enfim... ´


e ah, obrigada pelos relevantes comentários que tenho recebido, por mais que não declare isto de imediato, estou absorvendo suas idéias, seus questionamentos e etc...

Bruno de Abreu disse...

fica marcado: da 22/02 recebi meu primeiro testamento - falando de carnaval, inclusive.

E era exatamente isso que eu precisava ouvir, Lílian. Já estava querendo te perguntar se esse poema não estava muito parecido com os da Alice (não que eu esteja me colocando no mesmo nível dela...)

além disso, é muito estimulante ler que eu já estou formando um estilo... quem sabe, né?

agora, mais estimulante, mesmo, é receber um comentário de 23 linhas

vc podia virar capitalista e começar a cobrar por seus conselhos... Estabeleça um valor pra cada linha e saia aconselhando por aí, porque coisa boa assim vende.

valeu!

Vinícius de R. Rodovalho disse...

Gosto destes poemas urbanos. Afinal, é um pedaço de vida tão comum, que a gente vê tão frequentemente, na correria da vida moderna, mas que têm sempre uma reflexão especial.

Aqui, vejo um circuito de distrações e atenções. A distração deve ter vindo do hábito, da monotonia urbana, que fez o voo das pombas perder a graça. A atenção deve ter vindo não de alguém novo na área, mas de alguém novo de espírito, que vê em cada asa, poesia.

Talvez, no entanto, a coisa seja muito mais complexa que isso. E fuja ao precário entendimento de minha juventude.

Muito obrigado pela tua visita e, principalmente, pela tua sinceridade. É muito bom encontrar alguém que vá além do "bom blog".

Quanto ao meu "rebuscando", nem foi tanto a intenção fazê-lo na prática. O sentido seria mais amplo, "rebuscar a consciência". Tanto rebuscar de torná-la mais bonita, quanto de buscar novamente.

Se faço isso na prática, nos textos, nem tinha notado. E é aqui que eu agradeço novamente, por ter me alertado. Não quero jamais chegar a ser comparado a um parnasiano. Rs.

E eu não podia deixar de comentar o que a moça ali em cima disse: "Se fosse bom, meu mundo capitalista tava era vendendo, mas sou socialista e só vendo conselho se for pro governo." Achei hilário. Rs.

Até!

Will disse...

"..porque coisa boa assim vende"

UAU ♫

ana rüsche disse...

oi, bruno!

puxa, fiquei bem feliz com tua visita. e com o verso então... obrigada.

bom teu blogue. normalmente não consigo acessar blogspot, mas fica de recordação do carnaval.

um beijo, que preserve sempre essa menina das pombas

ana rüsche disse...

Bruno, postei no Contrabandistas teu poema. se quiser que eu tire, é só falar. um beijo e obrigada pelas visitas

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foto de Damien Peyret

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