"Sou gêmeo de mim e tudo/ O que sou é/ Distância./ ..."
(Daniel Faria)

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27 de dez. de 2010

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I

o ar tensiona
a ausência de
passagens aparentes,
o que sobrou
na espessura as
reminiscências
de um lilás opaco


II

tudo marulha num
laranja repentino sob
o azul forte quando
olho para trás


III

agora o laranja esvai-se com a força
que se despende quando
uma despedida que não se trama
surda pelo que não consegue
deter
o ruído cinza, branco, sua espessura,
bramindo, oculta as
vibrações do
neon amanhecido

IV

agora vêm súbitas as
antigas acepções, suas matizes, o mesmo
lilás intentando fugas
antecedem o que vibra


V

tudo nubla


(amanhecendo em Ribeirão Preto)
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3 comentários:

Lílian Alcântara disse...

quanto tempo não venho aqui Bruno, vejo progressos - não sei se na minha leitura ou na sua escrita... mas isso me parece bonito

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

explosão de cores, deve ser bonito o teu Ribeirão

João Lima disse...

é Bruno, o Eliot sabia como exorcizar os seus fantasmas... concordo contigo, mas o problema é que a nossa personalidade é construída de fora pra dentro, com o discurso do mundo. acho que é mais ou menos como uma comida que a gente come e depois regurgita.

aliás, falo um pouco sobre isso (de forma oblíqua, há que se dizer) num poema que acabei de postar no comtexturas.

obrigado pelos comentários!

abs

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foto de Damien Peyret

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