"Sou gêmeo de mim e tudo/ O que sou é/ Distância./ ..."
(Daniel Faria)

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8 de dez. de 2010

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quando as cortinas sangram janela afora, seus panos em tentativas em ensaios em fluxos de desataduras interrompidos, o sangue, que na verdade ninguém nem nada derramou e que, ao invés, corre muito tranquilo, imperceptivelmente veloz dentro de você, de suas veias, vertiginosamente tranquilo, de repente se evidencia na face enrubescida, e suas glândulas suam emocionadas um suor que logo se evapora ante tanta coragem tanta vida. e é como se as cortinas te indicassem, avidamente, um caminho alternativo e mais incrível nessa roleta de migrações: ser vento a todo custo, via esta que acaba findando onde finda a extensão dos panos em desalinho, músculos fluidos agora estirados sobre o telhado figurando uma seta, como uma frustração escultural: não aponta nada, mas assim, rompida, testemunha

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Um comentário:

João Lima disse...

A cortina da janela
é azul.
A cortina da janela
é azul e agora se move
com o vento.

A janela está aberta
vê-se o céu.
O céu se mostra
pálido
e sem cor.

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foto de Damien Peyret

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