"Sou gêmeo de mim e tudo/ O que sou é/ Distância./ ..."
(Daniel Faria)

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6 de mar. de 2009

restos de manteiga

o escorredor escorre vidro e louça
as janelas escorrem o pó desses dias
em filetes tortuosos de chuva
o relógio se desintegra
em ponteiros
que marcam insignificantes segundos
para seus bocejos
minutos para seu café
e insignificantes já vararam o mês
e ela ainda não
virou a folha no calendário
demora-se nos restos amanteigados
do mês que passou


4 comentários:

Vinícius de R. Rodovalho disse...

É que às vezes o tempo passa contra nossa vontade. E a gente vai notando os resíduos que sobraram da sua combustão. Seja o pó dos dias, seja os ponteiros desintegrados, seja os filetes tortuosos de chuva.

Ou talvez seja que não tenhamos tempo para fazer as coisas, mas as coisas tenham tempo para serem feitas. Aí o desequilíbrio é fatal.

Lílian Alcântara disse...

este poema...
janelas, relógio, ponteiros, bocejos e café...
temas tão parecidos com os meus... aah... me encontrei no poema.

Tô gostando da sua desenvoltura... continue assim... só tome cuidado pra não se perder consigo mesmo (tem acontecido comigo, de tanto escrever).

Lu Paes disse...

Oi, Bruno (ou será Ele?)
Eu realmente superei as borboletas. Eu lembro quando a gente foi na fazenda do Baxinho e eu gritei porque passou uma voando na minha frente...que bobagem! hehehe
E foi marcante, para mim ao menos, a fase dos pronomes e LJAO. Foram alguns dos melhores dias que eu já vivi.

Ah, vi que você conehceu o Vinicíus!
Achei que vocês dois iriam se dar bem, o estilo de vocês, nnão sei...um lembra o estilo do outro.
hehehehe

Beijos da Lu Paes/ kikinha/ ela/ baxinha....!

ps.: Eu ainda tenho a Gigi. Preciso lavar ela...sempre esqueço disso.

Lu Paes disse...

Nunca pensei que voc~e fosse gostar tanto dessas minhas frases soltas - e, ao mesmo tempo, tão juntas!
Foi só algoq ue me veio na mente...Numa crise de aeromoça.

Poste outra poesia logo!
Adoro ler o que você escreve!

^^

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foto de Damien Peyret

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