penso que, às vezes, acabo abstraindo demais nos versos, omitindo detalhes importantes...
então, não sei, isso deve deixar o poema meio inexplicável.
vai avisando aí, por favor, pq não gosto muito de coisas que não se fazem entender, não acho muita graça em poemas-enigmas.
que tal assim:
ela veste sedas vermelhas pro almoço atrás dos espelhos dos óculos escuros
ou...
ela veste sedas vermelhas pro almoço atrás dos espelhos das lentes escuras
mas, no geral, dá pra entender que é uma menina (as mãos pequenas e tal) de óculos-de-sol (lentes espelhadas) imaginando estar desfilando de vestido em pleno horário de almoço? (sedas vermelhas, a pose, os flashes, não de máqunas, mas do sol)
Fotossíntese. Foi o que veio em minha mente de imediato. Culpe o estudo excessivo, nesses tempos de vestibular; ou o especial gosto pela Biologia.
Devaneios meus à parte, não fui muito com a cara dessa menina não. Primeiro, porque usa seda. Segundo, por que faz poses. Não tenho problema nenhum com ricos e modelos; o que não cai bem, na minha opinião, é uma criança já assim, capitalizada, globalizada, excessivamente atraída pelo glamour.
vc pensou em fotossíntese, e eu acabei mesclando a menina-do -capitalismo com uma planta:
deu num desenho em nanquim do Mário de Andrade chamado "Flor-gente", que parece uma menina de feições completamente avessas a esse sistema econômico, com uns ramos floridos brotando no lugar dos cabelos.
que intertextualidade, hem? menina capitalista - fotossíntese - desenho do Mário de Andrade...
hilário!
no final das contas, acho que a minha flor-gente - e penso que o poema é aberto o bastante pra vc também interpretar assim - usa óculos de camelô sem proteção contra raios ultra-violetas e não tem idéia de como se chama aquele tecido vistoso que ela viu na TV, nem do nome do sistema econômico do país em que ela vive ( aliás ela não sabe o que é um sistema econômico ).
mas você tem razão ao questionar sobre sua infância. vendo a menina pelos dois pontos-de-vista ( capitalizada e flor-gente) ou ela tem a infância afogada num mar de futilidades, ou num mar de ingênuas ilusões - um projeto de Macabéa...
(agora, se não dá pra deduzir que ela só imagina usar um vestido vermelho, então o poema está falho mesmo, e aí não é questão de interpretação, é questão de eu ir melhorando o poema).
valeu, vinícius, seus coments são sempre úteis pra gente repensar os textos!
4 comentários:
uma dúvida. vc baseia seus poemas em inspirações sem muita explicação... ou omite algum comportamento por trás... ?
penso que, às vezes, acabo abstraindo demais nos versos, omitindo detalhes importantes...
então, não sei, isso deve deixar o poema meio inexplicável.
vai avisando aí, por favor, pq não gosto muito de coisas que não se fazem entender, não acho muita graça em poemas-enigmas.
que tal assim:
ela veste
sedas vermelhas
pro almoço
atrás dos espelhos
dos óculos
escuros
ou...
ela veste
sedas vermelhas
pro almoço
atrás dos espelhos
das lentes
escuras
mas, no geral, dá pra entender que é uma menina (as mãos pequenas e tal) de óculos-de-sol (lentes espelhadas) imaginando estar desfilando de vestido em pleno horário de almoço? (sedas vermelhas, a pose, os flashes, não de máqunas, mas do sol)
Fotossíntese. Foi o que veio em minha mente de imediato. Culpe o estudo excessivo, nesses tempos de vestibular; ou o especial gosto pela Biologia.
Devaneios meus à parte, não fui muito com a cara dessa menina não. Primeiro, porque usa seda. Segundo, por que faz poses. Não tenho problema nenhum com ricos e modelos; o que não cai bem, na minha opinião, é uma criança já assim, capitalizada, globalizada, excessivamente atraída pelo glamour.
Onde está a infância?
vc pensou em fotossíntese, e eu acabei mesclando a menina-do -capitalismo com uma planta:
deu num desenho em nanquim do Mário de Andrade chamado "Flor-gente", que parece uma menina de feições completamente avessas a esse sistema econômico, com uns ramos floridos brotando no lugar dos cabelos.
que intertextualidade, hem? menina capitalista - fotossíntese - desenho do Mário de Andrade...
hilário!
no final das contas, acho que a minha flor-gente - e penso que o poema é aberto o bastante pra vc também interpretar assim - usa óculos de camelô sem proteção contra raios ultra-violetas e não tem idéia de como se chama aquele tecido vistoso que ela viu na TV, nem do nome do sistema econômico do país em que ela vive ( aliás ela não sabe o que é um sistema econômico ).
mas você tem razão ao questionar sobre sua infância. vendo a menina pelos dois pontos-de-vista ( capitalizada e flor-gente) ou ela tem a infância afogada num mar de futilidades, ou num mar de ingênuas ilusões - um projeto de Macabéa...
(agora, se não dá pra deduzir que ela só imagina usar um vestido vermelho, então o poema está falho mesmo, e aí não é questão de interpretação, é questão de eu ir melhorando o poema).
valeu, vinícius, seus coments são sempre úteis pra gente repensar os textos!
abração
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